Adaptação do livro homônimo da Autoria de Koushun Takami
Japão
Cor
122 min.
Romaji: Batoru Rowaiaru
Japanese: バトル・ロワイアル
Direção: Kinji Fukasaku
Adaptação & Roteiro: Kenta Fukasaku
Produtores: Kenta Fukasaku, Kinji Fukasaku, Kimio Kataoka, Chie Kobayashi, Toshio Nabeshima e Masumi Okada
Elenco: Tatsuya Fujiwara (Shuya Nanahara, Rapaz nº 15), Aki Maeda (Noriko Nakagawa, Garota nº 15), Tarō Yamamoto (Shogo Kawada, Rapaz nº 5), Chiaki Kuriyama (Takako Chigusa, Garota nº 13), Kou Shibasaki (Mitsuko Souma, Garota nº 11), Masanobu Andō (Kazuo Kuriyama, Rapaz nº 6), Takeshi Kitano (Kitano), Sousuke Takaoka (Hiroki Sugimura, Rapaz nº 11), Takashi Tsukamoto (Shinji Mimura, Rapaz nº 19), Shin Kusaka (Yoshio Akamatsu, Rapaz nº 1), Ren Matsuzawa (Keita Iijima, Rapaz nº 2), Gouki Nishimura (Tatsumichi Oki, Rapaz nº 3), Shigehiro Yamaguchi (Toshinori Oda, Rapaz nº 4), Yukihiro Kotani (Yoshitoki Kuninobu, Rapaz nº 7), Osamu Ohnishi (Yoji Kuramoto, Rapaz nº 8), Yuuki Masuda (Hiroshi Kuronaga, Rapaz nº 9), Shiro Go (Ryuhei Sasagawa, Rapaz nº 10), Yutaka Shimada (Yutaka Seto, Rapaz nº 12), Junichi Naitou (Yuichiro Takiguchi, Rapaz nº 13), Shigeki Hirokawa (Shota Tsukioka, Rapaz nº 14), Hirohito Honda (Kazushi Niida, Rapaz nº 16), Yousuke Shibata (Mitsuru Numai, Rapaz nº 17), Satoshi Yokomichi (Tadakatsu Hatagami, Rapaz nº 18), Ryou Nitta (Kyouichi Motobuchi, Rapaz nº 20), Yasuomi Sano (Kazuhiko Yamamoto, Rapaz nº 21), Tsuyako Kinoshita (Mizuho Nada, Garota nº 1), Eri Ishikawa (Yukie Utsumi, Garota nº 2), Sayaka Ikeda (Megumi Eto, Garota nº 3), Tomomi Shimaki (Sakura Ogawa, Garota nº 4), Tamaki Mihar (Izumi Kanai, Garota nº 5), Yukari Kanasawa (Yukiko Kitano, Garota nº 6), Misao Kato (Yumiko Kusaka, Garota nº 7), Takayo Mimura (Kayoko Kotohiki, Garota nº 8), Hitomi Hyuga (Yuko Sakaki, Garota nº 9), Anna Nagata (Hirono Shimizu, Garota nº 10), Satomi Ishii (Haruka Tanizawa, Garota nº 12), Haruka Nomiyama (Mayumi Tendo, Garota nº 14), Satomi Hanamura (Yuka Nakagawa, Garota nº 16), Sayaka Kamiya (Satomi Noda, Garota nº 17), Aki Inoue (Fumiyo Fujiyoshi, Garota nº 18), Asami Kanai (Chisato Matsui, Garota nº 19), Mai Sekiguchi (Kaori Minami, Garota nº 20), Takako Baba (Yoshimi Yahagi, Garota nº 21), Ai Iwamura (Garota vencedora do último Battle Royale), Ai Maeda (Shiori, filha de Kitano [voz]), Minami (Keiko), Michi Yamamura (Repórter), Gou Ryugawa (Tenente Anjo), Takashi Taniguchi (pai de Shuya Nanahara), Ken Nakaide (Sr. Hayashida, Professor da Classe 3-B), Kanako Fukaura (Motorista do ônibus), Yuko Miyamura (Garota do Vídeo de Treinamento), Mikiya Sanada (Oficial da Força de Autodefesa) e Ryoji Sugimoto (Soldado)
Cinematografia: Katsumi Yanagijima
Data de lançamento: 16 de novembro de 2010
Distribuidora: Toei Company
Idioma: Japonês
Sinopse
No alvorecer do novo milênio, o Japão está num estado de colapso. O desemprego é endêmico e a violência escolar está fora de controle. O governo sitiado retalia com uma batalha real... A cada ano, uma Classe escolhida aleatoriamente é colocada contra si mesma em uma ilha abandonada em um cruel jogo de sobrevivência. As regras do jogo são simples:
1) dura três dias;
2) Cada jogador começa com comida, água e uma “arma”;
3) se mais de um jogador sobreviver, todos morrem (detonando colares eletrônicos especiais;
4) não há como escapar.
À medida que o jogo avança, o terror e o pânico desafiam a frágil confiança dos alunos uns nos outros. Mas, apesar da brutalidade do jogo, os jogadores adolescentes continuam obcecados com as suas paixões, os seus rancores mesquinhos - e os seus sonhos…
⚖️Créditos Da Sinopse: Asian Wiki
Postagens anteriores:
Battle Royale – Koushun Takami
Battle Royale: Angels’ Border – Koushun Takami, Mioko Ohnishi & Youhei Oguma
Inomináveis Saudações a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
Eu relatei ao final da Resenha de Battle Royale: Angel’s Border que faria a do filme que adaptou o Livro no ano 2000 no dia de ontem, 04 de dezembro. Porém, por força de atos contrários à minha vontade, não pude cumprir com a minha palavra e, hoje, aqui estou para executar a minha análise do filme. Este, assim como ocorreu com Aku no Hana, não é uma cópia xerox do original e pode ser encarado como uma Versão, o que é bem diferente de Adaptação (ainda pretendo observar isso em um texto à parte, conforme a minha inominável visão e interpretação tanto de um quanto de outro). As características de tensão, sufocamento, opressão e de túnel sem saída da situação em si na qual os quarenta e dois Estudantes foram forçosamente posicionados continua igual. No entanto, a opção do Diretor Kinji Fukasaku em controlar o nível de ultraviolência sem descambar no excessivo e repetitivo Gore, dando lugar a um sequenciamento direto de peso dramático avassalador, é, para mim, a grande qualidade desta obra.
É necessário dizer a quem chegar aqui no blog e conferir os textos sobre Battle Royale que o Universo Mitológico deste não é sobre um bando de alunos se matando por coerção de um Sistema Governamental Tirânico. Sob um ponto de vista simplório e reducionista de todo o alcance da crítica que a história passa, muitos são levados a apreciarem esta obra somente dentro do banal contexto do derramamento de sangue dos mais versáteis modos. É um erro ver tanto o Livro quanto o Mangá de Volume Único sobre as Garotas do Farol, anteriormente Resenhados no blog, como um Slasher onde o nosso cérebro deve ser desligado para que a proposta da pura apresentação de sanguinolência absurda é irrestrita venha a se passar diante de nossos olhos. Battle Royale fala, na verdade, do quanto um Estado Totalitário é capaz de querer controlar todas as vidas, em nome do seu ideal de Perfeição Estatal Absoluta, mostrando que, para ele, nenhuma vida humana ou animal está acima do Estado em si. Ao posicionarem adolescentes em uma ilha despovoada, criando mecanismos e todo um ambiente para que comecem a assassinar uns aos outros, o Governo Japonês Tirânico deste Universo passa para os adultos a mensagem de que todo o controle pertence exclusivamente a ele. Evita-se, assim, um levante popular nacionalmente por meio do Terror e do Horror proporcionados pelo cruel letalíssimo jogo para o absolutíssimo alcance do Perfeito Controle dos corpos, das mentes e dos corações da população tiranizada. Toda a sensação que a leitura do Livro e da história que neste não foi inserida das Garotas do Farol me passou, diante dos referenciais políticos contra Ditaduras Tirânicas Sanguinárias, é a propulsão necessária para que a linguagem audiovisual completasse a principal e verdadeira mensagem desta Mitologia.
Fukasaku, a cada momento do filme, mesmo sem diretamente mencionar Política, dominou magistralmente a Crítica Social a ponto de, do começo ao fim, falar somente de Política. Um Estado Totalitário de verdade não tem um lado ideológico determinado, não é de Direita, não é de Esquerda e despreza totalmente o Centro. Tudo que é Totalitário se configura Supremo, Absoluto, Onisciente, Onipresente e Onipotente. Os Estudantes foram sequestrados e mantidos dentro do espaço do jogo por obra da Vontade Suprema do Totalitarismo Estatal. Cada luta pelo viver e pelo morrer é uma determinação da Razão Absoluta do Totalitarismo Estatal. Cada morte concretizada é uma execução da pretensão de uma Onisciência Regimental do Totalitarismo Estatal. Cada morte anunciada pelos alto-falantes dispersos pela ilha é uma exposição da pretensão de Onipresença Essencial do Totalitarismo Estatal. Cada impotência dos alunos que, obrigados, participam do jogo ou tentam fugir do mesmo, é uma condução da pretensão de Onipotência Legislativa do Totalitarismo Estatal. Compondo tudo isto ao sabor de uma narração visual que compõe muitas vezes um quadro de desespero e dor, sem pairar em nenhum instante no melodrama espalhafatoso que Diretores ou Diretoras menos talentosos fariam, Fukasaku delibera, a partir da Imagem, a exploração de todas as potências narrativas do que Koushun Takami fez explodir no Livro. Para este que aqui é o Resenhador, isto é o que define a legítima condição deste Universo de ser mais precioso, contundente e natural em tudo que representa do que as obras posteriores que inspirou.
O Sistema Educacional Japonês também é criticado e, ao seu modo, o enredo vai para além dele se propondo a falar com outras Culturas no quanto há de assustador e medíocre ainda no mundo em relação ao ato de Ensinar. A peculiar interpretação de Takeshi Kitano (a melhor do filme) como o duro e inflexível Diretor do jogo em si supera a presença do Kinpachi Sakamoto no mesmo Papel no Livro. Tendo uma ligação com a Classe escolhida para o jogo, o ex-Professor Kitano (agora chego até a pensar que o Autor, ao usar o próprio sobrenome no filme, tenha interpretado a si mesmo…) é estabelecido como um fio condutor de diversas reflexões necessárias sobre o Dever e o Direito de um Educador. Não se sabe exatamente, no Livro, de onde surgiu Kinpachi; no Filme, já é muito diferente e tudo fica muito mais sombrio ao vermos que um homem que um dia foi Educador se propôs a ajoelhar-se para os ditames totalitaristas de uma Tirania para organizar a matança de ex-alunos entre si. As ligações de Kitano com certos acontecimentos que afastaram-no de lecionar na Escola da Classe levada para o campo de morte não vou explicitar aqui, entregando um Spoiler. Sinteticamente, no entanto, posso dizer que a irônica, debochada e desapegada presença do orientador da matança apresenta camadas de muitas críticas à forma como a Educação tem sido feita tanto no Japão quanto em qualquer lugar do mundo. Deixando, assim, a meu ver, sob a minha interpretativa opinião, de ser um filme dedicado a servir de crítico apenas ao contexto social japonês, o filme eleva ao máximo o tom da crítica para dialogar com todos os Sistemas Educacionais do planeta. Os mesmos criam realmente cidadãos e cidadãs conscientes? Os mesmos evitam que em um Futuro possível tais formados por eles venham a defender e fazer parte de Regimes Totalitários? Os mesmos, da forma em que estão, são suficientes para evitar cada ideia de Totalitarismo que possa querer nascer no meio das massas?
Educar não é, literalmente, jogar apenas um monte de matérias umas atrás das outras para serem decoradas a fim de que Estudantes se esforcem a fim de tirarem boas notas. A luta por melhorias educacionais não se restringe apenas ao modo como se ensina, também tem a ver com o tipo de método de Ensino a ser desenvolvido. A essência do Educador frente a de cada Estudante é muito mais complexa do que a simplicidade que possa haver na relação entre aquele que ensina e aqueles e aquelas que tem de aprender. Ao escolher Estudantes como os Protagonistas do massacre, Takami pontua que a Educação, hoje como está, dentro e fora do país dele, naturalmente assassina o melhor que há nos Seres Humanos em relação ao respeito pelo próprio ato de agir de forma natural. Nada é natural em Battle Royale na forma como cada morte se sucede e isto, dentro da Versão Cinematográfica, vemos ocorrer intercalado pela frieza de Kitano, o único que, ironicamente, age com naturalidade diante de toda a carnificina. Porque ele viu o Sistema Educacional por dentro e se rendeu ao Totalitarismo Estatal para poder dar uma última lição aos ex-alunos e ex-alunas dele. Preferindo ser mais um Escravo do Totalitarismo, sua função específica no filme é a de representar todos os(as) Profissionais da Educação insatisfeitos com a mesma. Insisto em dizer, novamente, que por mais motivos que tenham, alguns e algumas dos apreciadores desta película e de todas as obras desta Franquia, para se ligarem apenas na quantidade de mortes, a densidade da história está Infinitos quilômetros acima destas. A clareza com que vejo isto não é uma arrogância ou totalitária pretensão da minha parte, mas vem a ser o maduro fruto da minha cinéfila experiência após assisti-lo.
Dentro dessa experiência, também colhi a preocupação de Fukasaku em mostrar, a partir de pequenos flashbacks, a naturalidade de alguns Estudantes antes de se tornarem robóticos alucinados pelo matar para não morrer ou fugir para não matar. Todos tinham um sonho, uma meta e uma esperança de sobrevivência mesmo dentro de uma Tirania estabelecida por adultos. Eles imaginavam, no entanto, que um dia poderiam ser escolhidos para O Programa e tentavam não ter que se preocupar com isso diariamente. Sobreviviam fingindo que não se preocupavam com isto e a desgraça caiu sobre eles através da pesadíssima Totalitária Mão Estatal. Garotos e garotas obrigados a participar de uma desumana experimentação, visto que, para o Estado, certos dados de cada Battle Royale vão sendo aproveitados como os meios para a produção de novos meios de controle e repressão da população. O Sistema Ditatorial escolhe tanto ricos quanto pobres, tanto órfãos quanto membros de famílias estruturadas, não se importando se alguns e algumas são filhos e filhas de Políticos ou pessoas importantes. Crianças lançadas nas covas de predadores mais ferozes do que os da Natureza, indivíduos da mesma Espécie tão Escravos da Voz Estatal Totalitária quanto o ex-Professor deles. Todos sabendo que não voltarão juntos e vivos do que era para ser uma simples excursão… Vocês já pararam para imaginar o alcance do pesadelo que isto significa? Penso agora naqueles que, em nosso mundo dito como “o mundo real” defendem e pedem o retorno de Totalitarismos Estatais pelo mundo. Olho para tudo que esta História Ficcional diz, mesmo sem ser explícita, e imagino se todos esses defensores conseguiriam suportar tudo o que uma Tirania é capaz de movimentar, planejar e realizar. Se metade deles assistisse a este filme ou lesse o Livro e os Mangás desenvolvidos deste Universo, prestando atenção em tudo que eu falei acima, extinguiram a ideia de sonhar com um tipo de Governo onde todos os sonhos de uma população são exterminados de forma sumária.
O Totalitarismo é devorador dos sonhos dos cidadãos sob o peso das determinações, aplicações e ações dele. Cult por excelência e um filme adorado por Quentin Tarantino e diversos Cineastas e Criadores pelo mundo, Battle Royale choca muito mais pelo que expõe como forma de crítica do que pelo sangue que dele brota, conforme a minha pessoal visão. Há uma altíssima dose de profunda melancolia nele e uma desolação genuína que a própria Fotografia aborda em um tom seco na maior parte do tempo. A quem é um Fã do Livro e dos Mangás, tendo ainda não assistido a ele, recomendo que assista. Aos demais que desconhecem esta história, recomendo fazer o mesmo junto com a leitura na referida Mídia que mencionei. Esqueçam a tudo que aqui escrevi e interpretem Battle Royale conforme as mensagens que, a partir dele, penetrarem em vossos pensamentos.
Saudações Inomináveis a todas e todos vós, Seres Do Mundo!