Japão
Cor
2019
127 min.
Título original: 惡の華
Outros Títulos: Flowers of Evil, The Flowers of Evil, Les Fleurs du Mal
Data de lançamento: 27 de setembro de 2019
Direção: Iguchi Noboru
Roteiro: Okada Mari
Elenco: Ito Kentaro (Kasuga Takao), Tamashiro Tina (Nakamura Sawa), Akita Shiori (Saeki Nanako), Iitoyo Marie (Tokiwa Aya), Takahashi Kazuya (pai de Nakamura), Kurosawa Asuka (mãe de Nakamura), Sasaki Sumie (avó de Nakamura), Tsurumi Shingo (pai de Takao), Sakai Maki (mãe de Takao) e Matsumoto Wakana (mãe de Saeki)
Idioma: JaponêsSinopse:
Kasuga Takao é um menino que adora ler livros, principalmente Les Fleurs du Mal, de Baudelaire. Uma garota de sua escola, Saeki Nanako, é sua musa e sua Vênus, e ele a admira à distância. Um dia, ele esquece seu exemplar de Les Fleurs du Mal na sala de aula e volta sozinho para pegá-lo. Na sala de aula, ele encontra não apenas seu livro, mas o uniforme de ginástica de Saeki. Em um impulso louco, ele o rouba.
Agora todos sabem que “algum pervertido” roubou o uniforme de Saeki, e Kasuga está morrendo de vergonha e culpa. Além disso, a garota estranha, assustadora e sem amigos da classe, Nakamura, o viu pegar o uniforme. Em vez de revelar que era ele, ela reconhece seu espírito desviante e usa seu conhecimento para assumir o controle de sua vida. Será possível que Kasuga se aproxime de Saeki, apesar da intromissão de Nakamura e seu segredo sombrio? O que exatamente Nakamura pretende fazer com ele?Créditos da Sinopse: Filmow
Inomináveis Saudações a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
Ao final da minha Resenha do Anime de Aku no Hana, expressei que hoje falaria do filme em Live Action lançado em 2019. Assisti o mesmo, antes da versão animada, legendado em Espanhol no YouTube e foi uma experiência estranha porque este filme é muito estranho. Quando o classifico como estranho, não estou querendo dizer que seja péssimo ou tenha ido por um caminho diferente da trama central do material original. Está tudo aqui no filme, o quanto da opressão, pressão e repressão existenciais de Takao Kagusa, Sawa Nakamura e Nanako Saeki neles irrompe; no entanto, como o Anime não teve continuidade e eu ainda não tenho o Mangá em mãos (que a NewPop está publicando no Brasil, como mencionei na postagem anterior), já sei da conclusão da história toda. Se foi diferente do Mangá, é óbvio que não dá para dizer, mas nada será aqui revelado. Meu objetivo nesta Resenha é tecer comentários sobre esta adaptação cinematográfica, sem ter que repetir o contexto inteiro dos significados da história, os quais explanei quase ao escrever um livro ao falar do Anime.
O mais estranho neste filme é que a estranheza vem do maior enfoque ao sentimento de deslocamento dos personagens, algo acrescentado por causa da presença constante de algo errado entre todos os personagens. Os atores principais, adultos interpretando adolescentes, ficaram mais estranhos ainda, o que pode ser considerado como o objetivo da produção em deliberadamente causar a dita estranheza que menciono. Dentro de suas características básicas, cada Ator e Atriz fizeram o que determina a trama, captando a essência dos personagens em toda a perversão, por assim dizer, do conteúdo construído no andamento da obra. Tina Tamashiro está perfeita como a Nakamura e a tenho como o destaque maior do elenco, retratando histeria quando foi necessário, cinismo constante a todo instante, uma raiva insinuante sempre cortante. O Takao de Kentaro Ita vem a seguir, um retraído refugiado nos livros, sonhador romântico que é pego pelo furacão emocional chamado Sawa Nakamura. A delicadeza de Shiori Akita colabora com a apresentação de uma Nanako Saeki muito discreta, mas interiormente tensa, querendo se soltar e se soltando realmente quase na reta final do filme.
A mesma tensão, o mesmo incômodo, a mesma paisagem em redor deprimente e depressiva junto com a metáfora da maligna flor que não era para nascer aqui são vistas de um modo que beira entre o teatral e o realista. Um pouco do Surrealismo do Anime foi abandonado para dar lugar a um tratamento psicológico mais preocupado em demonstrar a beleza do sentir-se deslocado. Considero belo o deslocamento porque ele dá a oportunidade de alguém, com esse pesado constante incômodo, ir em busca de um sentido bem maior na vida que o posicione conforme o que ele verdadeiramente é. O(a) deslocado(a) vai seguindo por si mesmo um caminho que possa redefinir sua estrada, distante do que a sociedade ou a família quer dele. É onipresente o deslocamento de Takao, Nakamura e Saeki, uma força titânica sufocando a expressão do Ser, do Sentir, do Querer e do Ver. E os três Intérpretes deles foram orientados bem a trabalharem isso com uma linguagem corporal que anunciava sempre que algo ruim viria a acontecer a qualquer instante no filme.
O que não cheguei a comentar na Resenha do Anime é que eu a toda hora fiquei tenso pensando na expectativa de que o trio de personagens principais cometeria uma loucura ao nível de um surto psicótico. Entretanto, o Roteiro do Anime e do Filme seguiram o original escrito por Shūzō Oshimi, fugindo da obviedade. No filme, pode-se ver até onde o efeito de toda tortura existencial foi capaz de acarretar no trio central de participantes desta história. Mais precisamente, Nakamura e Takao, que tomam uma estranha decisão de mostrarem à cidade que odeiam, a todos os bandos de merdas, nas falas da primeira, o quanto é imprevisível e incontrolável todo o carregamento expansivo de desconforto e desânimo com a realidade monótona e inconstante de sempre. Constante, apenas o tédio, uma perversão existencial que a versão em Live Action tornou ainda mais próximo aos olhos do espectador porque muitos se sentem como a trindade onde malignas flores tiveram que nascer.
Charles Baudelaire aqui se posiciona do início ao fim, ele mesmo tendo sido no contexto histórico no qual vivia um completo deslocado, apesar da famosa vida boêmia que teve. As Flores do Mal é um livro cujos poemas são as de um perfeitíssimo deslocado, atuando na trama de Aku no Hana como os versos prontos de um nada satisfatório ato conclusivo da história. É evidente, ao final, que os três personagens continuaram deslocados dentro de um mundo tão estranho quanto eles, mesmo que as metafóricas flores que surrealisticamente representa a prisão existencial deles tenham desaparecido. Em outros, elas nascem sem pedir licença, sejam estes adolescentes, adultos ou idosos; até mesmo em crianças, visto que as flores preferidas da Deusa Depressão não escolhem idade. Não há mensagem moral lindinha no final e nem a fantasia narrativa que tente enganar o espectador dizendo que os personagens terminaram bem. Externamente, enganam outros. Internamente, não conseguem enganar a si mesmos.
E O Belo no deslocamento? É exatamente aqui que ele pode agir tanto para conclusões históricas boas ou más, úteis ou inúteis, de uma trajetória humana. Este filme muito diferente, dentro do tradicional estilo oriental de método lento narrativo, não foi feito para ser uma referência de filme motivacional de merda, como diria a Nakamura, para as massas ou um Ser em estado depressivo. Ele incomoda por ser honesto e verdadeiro, atraindo muita repulsa de quem aguarda solução plausível em histórias deste tipo. Por isso, se vocês pesquisarem pela Internet, as opiniões sobre o filme e suas notas em sites agregadores de críticas são, em sua maioria, negativos. O Anime, como sabem, já tem a "fama" que tem junto aos que depreciam-no e nem mesmo o Mangá escapa porque já me deparei com algumas manifestações negativas sobre ele em comentários de leitores no YouTube. Mas, quem quiser, que assista o Anime, o Filme e o Mangá por conta própria, mesmo que vocês não venham a gostar ou se identificar. Eu gostei. Eu me identifiquei. E me arrependo de antes não ter conhecido tudo que envolve Aku no Hana, o que agora será algo a ser revisto porque é este tipo de criação artística o que mais me agrada n'alma.
Em um futuro não tão longe deste dia 02 de novembro de 2024, o Mangá começará a ser resenhado aqui no blog. Até lá, tentem sobreviver aos bandos de merdas em seu redor.
Saudações Inomináveis a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
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