Direção: Hideaki Anno, Masayuki (Assistente) e Kazuya Tsurumaki (Assistente)
Produção: Noriko Kobayashi (TV Tokyo) e Yutaka Sugiyama (NAS)
Roteiro: Hideaki Anno
Música: Shirō Sagisu
Estúdios: Gainax e Tatsunoko
Licenciado por: Netflix (Licença de Streaming Mundial), AU, Crunchyroll, BI, Anime Limited, NA e GKIDS
Emissora original: TV Tokyo
Período de exibição: 04 de outubro de 1995 – 27 de março de 1996
Episódios: 26
Sinopse
No ano de 2015, o mundo está à beira da destruição. A última esperança da humanidade está nas mãos da NERV, uma agência especial sob as Nações Unidas, e seus Evangelions, máquinas gigantes capazes de derrotar os Anjos que anunciam a ruína da Terra. Gendou Ikari, chefe da organização, busca pilotos compatíveis que possam sincronizar com os Evangelions e realizar seu verdadeiro potencial. Ajudando neste empreendimento defensivo estão o talentoso pessoal de Misato Katsuragi, Chefe de Operações Táticas, e Ritsuko Akagi, Cientista Chefe.
⚖️Créditos da Sinopse: Anime Fire
Inomináveis Saudações a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
Assistir Neon Genesis Evangelion era algo que há muitos anos andei protelando, pondo outras necessidades de aquisição de Cultura à frente de meu amor pelos Animes. Somente recentemente voltei com toda força a assistir as produções dessa Arte, levando em conta sempre as minhas escolhas por tudo que me acrescentará algo. Já estou em uma idade (48 anos), na qual não posso me dar ao luxo de navegar por obras vazias, sem conteúdo e que não façam o meu pensamento e raciocínio serem agitados. Evangelion, com sua proposta de ser uma Ficção Científica com grandes batalhas envolvendo Mechas contra Ameaças Alienígenas, superficialmente, atendeu ao que eu traço agora como jornada cultural. E digo superficialmente acerca da trama porque a obra não é aquilo que aparenta, nem se manifesta dentro de um padrão relativo a Animes genéricos que giram em torno do tema do enfrentamento a Alienígenas. Não pretendo aqui falar acerca das críticas negativas que Evangelion recebe, pois, se tratando de uma Resenha, farei aqui a exposição da minha particular compreensão dele. Em outra ocasião, à frente, aqui no blog, postarei textos sobre muito mais do que recebi da história dele. E não foi pouco por se tratar de um excesso informativo agradável em sua saudável natureza inspiradora.
A Ameaça Alienígena enfrentada pela NERV e as Forças de Segurança do mundo inteiro em Evangelion não chega a ter origem e objetivos identificados claramente durante toda a duração do Anime. Os chamados Anjos, metodica e calculadamente, atacam alvos específicos sem darem sinais dos verdadeiros sentidos de seus planos para a Terra. Esta natureza da obra, optando por escolher antagonistas cujos propósitos não são claros, torna-a mais enigmática ainda e prende a atenção porque queremos saber exatamente acerca do porquê dos Anjos insistirem nos ataques. Dois Impactos antes do ano de 2015 marcam a chegada deles ao planeta, ambos gerando consequências bastante graves para toda a Humanidade. Tais consequências não foram apenas de danos físicos, mas na própria Psique de todos, como a fragilidade psicológica bastante nítida dos Personagens Principais claramente exibida aos nossos olhos como espectadores. Chego a crer que os Anjos e quem os controla tem como um objetivo maior, acima da sanha pela destruição de cidades e massacres populacionais, levar o desespero total para cada membro da Humanidade através de tentáculos devastadores da Mente em um Nível estratosférico. Como eu escrevi acima no parágrafo anterior, Evangelion não é apenas mais um Anime de Ficção Científica com batalhas envolvendo Mechas contra Alienígenas, sua verdadeira natureza é ser um Drama Psicológico com nuances de Terror Psicológico que poucos a terem-no assistido conseguiram perceber. No geral, só se critica a parte final do Anime, com gente até destilando ódio até hoje pelo conjunto inteiro da obra por não entendê-la quanto ao que ela é na verdade. E se alinharmos alguma forma de pensamento voltado para a Religiosidade, unindo-lhe à carga psicológica dos episódios, dentro do Roteiro brilhante de Hideaki Anno, ampliamos ainda mais o verdadeiro sentido do Anime que mais divide opiniões até hoje entre toda a Comunidade Otaku.
Não é sem um propósito que os vilões da Série são denominados Anjos, Anno faz assim uso de um recurso que liga diretamente a Presença Alienígena atentando contra a Terra como uma Mensagem Apocalíptica para toda a Humanidade do Universo Mitológico de Evangelion. Como se advindos de Seres Superiores para castigar a Humanidade pelos seus erros, os Atacantes se propõem a não ter nenhuma ação além da conduta aniquiladora de tudo que encontram pela frente. De modo muito inteligente, no entanto, não há uma referência clara aos diversos conceitos de Anjos dentro das Mitologias Religiosas Clássicas Orientais e Ocidentais na obra, o que é muito positivo porque transformaria a mesma em uma peça repetidora de crendices milenares. Não sendo de específico caráter referenciador, de modo direto, ao aspecto religioso em si proposto até pelo nome que carrega, Evangelion é, em um paradoxo bastante especial, um aglomerado de referências que faz ligações com O Sagrado sem discursos arrastados ou expositivos. A própria carga da insistente tensão vivida pelos Personagens diante de um ataque dos Anjos, que sem aviso ocorre, unida ao fato de não saberem o que os mesmos pretendem em verdade, gera uma combustão psicológica de fatores que levam a uma imaginação de um monte de coisas ligadas à Religião. Isto tem efeito mais em nós, espectadores, do que propriamente nos Personagens, os quais raramente tocam nessa questão; mas, mesmo que eles não falem de forma aberta sobre "Punição Divina" ou "Sinais do Apocalipse" de modo claro, as entrelinhas nos dizem que o assunto os rodeia de modo constante a agitar-lhes as ações. Voltando ao efeito em nós causado, talvez isto parta de nossos contatos particulares com as Religiões e suas Doutrinas concebidas em Mitológicas Interpretações da Realidade Espiritual que cabe a cada um de nós aceitar ou rejeitar. Assistindo a cada episódio, chegando até seu peculiar e imprevisível clímax que tanta discussão ainda vem a causar no Meio Otaku, me senti de modo natural voltado a questionar tudo que assistia dentro das minhas experiências pessoais com a Espiritualidade e suas Mitológicas Sendas dentro da minha Mente. E é através da Mente de cada Personagem que o Roteiro toma forma, expressando todos os questionamentos internos do Autor em um momento complicado da vida dele (como li em alguns blogs e sites antes de escrever esta Resenha), de um modo a conduzir toda a trama por meio de uma nada convencional linha narrativa linear.
São diversas e abertas as interpretativas possibilidades de interpretação de Evangelion como a proposta por Anno, este não nos entregou uma obra de fácil digestão ou compreensão. Não há nada nela de mastigado e pronto para ser compreendido, a ausência de uma linearidade traz à tona a necessidade de termos a nossa própria responsabilidade para Compreender tudo que as mensagens do Anime nos transmitem. Desde o começo, Evangelion nunca se propôs a ser o que acima falei acerca de uma tendência genérica de suas particularidades em relação ao Gênero de Animação ao qual pertence. Entre as lutas dos Evas contra os Anjos, muitos conflitos e jogos psicológicos nos introduzem ao Ser dos Personagens, que demonstram possuir sérios Distúrbios Psíquicos em diferentes graus. Distúrbios estes que, como sugeri acima, são decorrentes da presença da Ameaça Alienígena no planeta, o que, logicamente, afeta toda a Humanidade do Universo de Evangelion. Obras de Ficção Científica que vão além de Conceitos Científicos mesclados a muita Ficcional Contextualização de seus Parâmetros e abordam a Psique de Personagens são muito raras. No máximo, pequenos conflitos internos vêm à superfície em 99% das obras do Gênero; 1% delas, onde encontra-se este Anime, arriscam-se em diversos terrenos de um mergulho completo nos Subterrâneos Psíquicos de seus Personagens. Isto é um risco exatamente porque uma bem grandiosa parcela do público não é apreciadora de enredos psicologicamente complexos, o que Evangelion oferece desde o começo e vai aumentando a dosagem até o clímax. Os que estão acostumados a Animes convencionais, que sigam as regras pré-estabelecidas de um Roteiro facilmente palatável e preguiçoso, previsível e esquecível, se decepcionaram, decepcionam e decepcionarão ao assistirem esta produção atemporal. Eu amei o gradativo crescimento de mudança de foco da mesma para algo inesperado e original, em se tratando de um Anime cujas características aparentes detalhei logo no primeiro parágrafo desta Resenha. E compreendo quem odeia ou vai odiar a Série após assisti-la porque é muito incomum o que ocorreu na Etapa Conclusiva de Evangelion por causa da radical mudança de ambiente e desenvolvimento narrativo que foi muito além da não-linearidade. No entanto, Anno apenas foi autêntico e fiel ao que construiu desde o início, dentro do que realmente é a obra dele, e, o que é bem raro atualmente na Indústria Dos Animes, contou com o consentimento total dos Estúdios Gainax e Tatsunoko para fazer o que bem entendesse na mesma. Isto teve consequências posteriores graves para ele, como li, com ameaças de morte e ataques às Sedes dos Estúdios; e até hoje há entre os Otakus mais radicais o ódio que mencionei acima voltado tanto para ele quanto para sua obra em si.
Mesclar os efeitos positivos e negativos de Evangelion dentro da Cultura do Entretenimento Mundial aqui nesta Resenha me dá a oportunidade de tocar em aspectos mais amplos de nichos além dos apreciadores de Animes. Há muitos que se arriscam pela primeira vez a assistirem um Anime, começam com Evangelion e nada entendem porque, como anteriormente falei, ele não é algo de fácil digestão para quem está acostumado com tramas fáceis e comuns. Há uma ironia que quase não é percebida nele e os sinais da presença dela estão na música de abertura, mais precisamente no refrão que fala do "jovem que se tornará um herói" lutando contra os antagonistas. Shinji Ikari não se sente um herói em momento algum, é repleto de traumas e bloqueios, deprimido pela falta da mãe, Yui Ikari; e desesperado pela atenção do pai, Gendo Ikari, o qual, por sua vez, aparentemente frio e insensível, esconde segredos que podem pôr em risco o filho e toda a NERV, a qual comanda. Rei Ayanami, introvertida, tímida e isolada, a mais silenciosa dos Personagens e um tanto quanto sombria (o que a fez se tornar a minha Personagem Preferida em Evangelion), não consegue se expressar bem, nem mantém bom relacionamento com ninguém, estando sempre distante e sentindo-se deslocada com bastante frequência. Asuka Langley Soryu, a mais extrovertida e animada dos pilotos dos Evas, traz na verdade em si profundas feridas psicológicas adquiridas na infância e não possui um equilíbrio mental saudável como faz parecer durante todo o tempo em diversos episódios. Misato Katsuragi, a Comandante Militar da NERV, responsável por cuidar de Shinji e Asuka, acolhendo-lhes em casa, igualmente traz problemas psicológicos graves adquiridos do Segundo Impacto e com todo o esforço tenta sempre disfarçar a insegurança e as dúvidas que lhe atormentam diariamente acerca do trabalho que realiza. Ritsuko Akagi, a Cientista-Chefe da NERV, abaixo da natureza racional fria e introspectiva, é outra figura psicologicamente abalada do cartel principal de Personagens com problemas bem profundos ligados ao passado e o relacionamento com a mãe, Naoko Akagi, que foi a Cientista-Chefe do Gehim, antecessor da NERV. Kozo Fuyutsuki, um Comandante da NERV e braço-direito de Gendo, é ligado ao seu passado como Professor Universitário e carrega resquícios de frustrações diversas relacionadas a acontecimentos que levaram-no a perder muito do que possuía, tanto por escolhas pessoais quanto profissionais. Ryoji Kagi, Investigador da NERV com intenções secundárias e próprias além das exigidas por seu trabalho, e interesse romântico de Misato, parece muito deslocado em cada situação, com um sorriso sempre meio forçado para disfarçar o vazio que exprime no olhar. Evangelion é, basicamente, sem nenhuma chance para outra tradução, isto: uma união e reunião de pessoas psicologicamente adoecidas, frágeis e limitadas por tragédias pessoais que tentam ser fortes diante do grande perigo que ameaça toda a Raça Humana.
O que faz Evangelion muito diferente de outras obras de Ficção Científica é a presença de tais Personagens, pessoas comuns pegas no meio de naufrágios e furacões e tsunamis que levaram-nas a estar na linha de frente do combate aos Anjos. Se o Anime fosse mais longo e cada um dos demais Personagens dele fosse aprofundado, teriam demonstrado os mesmos ou piores psicológicos problemas. Sendo tão reais e falíveis, como nós deste lado da Realidade, são Personagens com os quais é possível uma Identificação, espelhando o que temos de perturbação interior. Nenhum deles é um Super-Herói ou uma Super-Heroína, nem Seres Mitológicos Invencíveis fadados a serem transportados para altos patamares de adoração por parte dos habitantes do mundo deles e do nosso como espectadores. Não sendo Deuses e Deusas Ex-Machina, como Personagens presentes em outras obras do Gênero ao qual pertencem e fora do mesmo, eles são, segundo a minha inominável visão, muito intensos, verdadeiros, sinceros e próximos a cada um de nós. Tal natureza deles desagrada a quem sempre quer que Personagens Ficcionais sejam Superseres capazes de mover o mundo com as mãos ou remodelarem um Universo com o pensamento. A origem do ódio a algum dos personagens de Evangelion e de outros Animes que se apresentam aos nossos olhos como reais demais está dentro desse contexto da expectativa que algumas pessoas têm em sempre quererem encontrar na Ficção aquilo que em suas Realidades não podem ter e nem ser. Quando encontram a si mesmos em um Personagem, sentem-se incomodadas e, piores do que crianças, passam a odiar este ou aquele que os faz lembrar de si em um Plano Ficcional. Tal assunto abordarei em um futuro texto que publicarei neste Mundo, somente trago-lhes aqui a ideia inicial acerca da minha particular observação sobre o efeito negativo mais alto de Evangelion em muitos que assistiram-no pelo mundo. Obra mais Autoral do que propriamente tendo sido desenvolvida para as massas, pertence a uma categoria de criação artística que nasce mesmo para incomodar e fazer pensar a quem gosta de pensar. E cumpre seu papel de Ser exatamente quando consegue atingir da forma que atinge a quem quer que seja, de diferentes maneiras.
O inusitado capítulo final de Evangelion não é realmente o último ato desta obra artisticamente elevada. Há The End Of Evangelion, um filme que será Resenhado aqui na próxima quarta-feira. Nele, a Seele, a misteriosa organização por trás da NERV e de toda a forma de combate mundial aos Anjos, mostrará sua verdadeira face. Kaworu Nagisa, A Quinta Criança (após Rei, Shinji, Asuka e Tōji Suzuhara), que rapidamente passou pelo Anime e representou a presença de alguém importante para Shinji, também tem melhor explicado o seu sentido de Ser no filme. Rei, como Kaworu, terá revelado seu verdadeiro propósito de Ser junto com o Projeto da Instrumentalidade Humana levado a cabo secretamente por Gendo. E os Anjos, o Mistério Máximo da Série, compreendidos serão em sua verdadeira origem. E aquele inusitado capítulo final terá da minha parte uma interpretação logo no início da próxima Resenha, mas sem entrega de Spoilers como fiz aqui.
Até o Fim de Evangelion, então, leitores virtuais.
Saudações Inomináveis a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
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Cenas do Anime
Abertura do Anime
Yoko Takahashi - The Cruel Angel's Thesis
Composição: Toshiyuki Omori e Hidetoshi Sato
Zankoku na tenshi no you ni
Shonen yo, shinwa ni nare...
Aoi kaze ga ima mune no doa wo tataitemo,
Watashi dake wo tada mitsumete
Hohoenderu Anata
Sotto Fureru mono
Motomeru koto ni muchuu de,
Unmei sae mada shiranai itaikena hitomi
Dakedo itsuka kizuku deshou
Sono senaka ni wa
Haruka mirai mezasu tame no
Hane ga aru koto...
Zankoku na tenshi no te-ze
Madobe kara yagate tobitatsu
Hotobashiru atsui patosu de
Omoide wo uragiru nara
O-zora wo daite kagayaku
Shonen yo, shinwa ni nare
Zutto nemutteru watashi no ai no yurikago
Anata dake ga yume no shisha ni
Yobareru asa ga kuru
Hosoi kubisuji wo tsukiakari ga utsushiteru
Sekai-ju- no toki wo tomete
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Watashi wa, sou, jiyu- wo shiru
Tame no Baiburu
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Kanashimi ga soshite hajimaru
Dakishimeta inochi no katachi
Sono yume ni mezameta toki
Dare yori mo hikari wo hanatsu
Shonen yo, shinwa ni nare
Hito wa ai wo tsumugi nagara rekishi wo tsukuru
Megami nante narenai mama
Watashi wa ikiru...
Zankoku na tenshi no te-ze
Madobe kara yagate tobitatsu
Hotobashiru atsui patosu de
Omoide wo uragiru nara
O-zora wo daite kagayaku
Shonen yo, shinwa ni nare
Encerramento do Anime
Claire - Fly me to the moon
Composição: Bart Howard
Fly me to the moon
and let me play among the stars
Let me see what spring is like
on Jupiter and Mars
In other words
Hold my hand
In other words
Baby, kiss me
Fill my heart with song,
and let me sing forevermore
You are all I long for
all I worship and adore
In other words
I'll be true
Oh, in other words
I love you
Fill my heart with song
and let me sing forevermore
you are all I long for
all I worship and adore
In other words
I'll be true
In other words
I love you