Meditações Em Inominável Praia - Parte VI
Asas Inomináveis De Um Anjo Noturno Inominável #9

As Ondas Do Grande Mar, O Grande Mar Cósmico, eu e Pad estamos aqui a observar desta inominável praia. As Ondas acumulam Os Textos Das Eras Cósmicas. As Ondas são as Eras Cósmicas. Aos nossos olhos imortais de imortais na Matéria, as Ondas são mais distantes. Eu e Pad nadamos Nelas em Tempos que não eram ainda contados pelo Relógio Inexorável Do Tempo. Tempos Não-Contados Pelo Relógio Inexorável Do Tempo. Tempos De Tempos Inomináveis. Inomináveis Tempos Onde Bebíamos Das Águas Do Grande Mar Em Nossas Vestimentas Espirituais. Hoje, neste Hoje Caído, bebemos licores de amargas inomináveis águas da Água Inominável Da Perdição Existencial. Quem bebe de suas Perdições torna-se lençol de inomináveis águas de infinitas outras perdições. Quem bebe de suas Perdições se assemelha ao lençol das Grandes Inomináveis Águas Envenenadas. Quem bebe de suas Perdições torna-se a morta substância na superfície das Inomináveis Águas Extintas. Quais bebidas a mais se pode ter para saborear quando se Cai? Quaie bebidas mais próprias aos que Caem do que todas as mais infinitas bebidas amargas de inomináveis águas do Nomeável Mar Material? Quais bebidas poderíamos, nós, na Queda, em Queda, pela Queda, bebermos nas mesas dos bares de nossos sofrimentos?
— Os bares do egoísmo nos quais eu estou, Pad, são bem frequentados. Bebo de mim mesmo, bebo das minhas dores, das minhas angústias. Bêbado Caído, pareço-me com a nossa Irmã Caída Zaah Hu As De Un Ju, O Anjo Caído Dos Bares Humanos.
— Uma dos muitos Anjos Caídos Dos Bares Humanos Que Eternamente Vivem A Beber De Suas Dores Em Trapos Líquidos. Eles são sinceros na Bebedeira Eterna, muito mais do que tu fostes, Asin, em vossa Cegueira Eterna. Tua insinceridade foi-lhe uma atrofiante bebida agitando todas as vossas impurezas e imundícies. Fale com a tua linguagem mais clara, seu Cego irresponsável que arruinou a minha Celeste Vida! Fale da tua Cegueira, criatura maldita que me tornou uma criatura maldita! Fale, Maldito Cego de asas abatidas!
— Eu entendo a minha Maldição, a minha Cegueira e tudo que retirei de ti, Pad… Tudo que retirei de mim nem mais importa tanto porque lhe arrastei junto comigo para a Material Lama… Minha Cegueira finda-se nesta inominável praia, Pad. Cegueira de mortais imortais inomináveis centelhas. Cegueira de mortais imortais inomináveis incertezas. Cegueira de mortais imortais correntezas. Cegueira de mortais imortais monumentos. Construí torres com o meu egoísmo, pensando em Lydyan, unicamente em Lydyan, e não vendo aos transeuntes a mais perdidos pelos caminhos terrestres. Transeuntes humanos sofredores mais do que os Anjos Caídos que fazem parte da nossa Quedante Legião neste planeta. Eu pedia apenas a mim mesmo os copos nos quais eu bebia de minha própria inominável amarga bebida de dores e de lágrimas. Amarga bebida caindo das minhas Caídas Bebidas...
— Tu te esquecestes de como os Anjos Elevados agiam, como eu me esqueci por tua causa. Zaah bebe porque nela reside a vontade de Retorno, O Retorno Ao Alto que também vigora nos Seres Humanos mais próximos de Nosso Pai Em Sopro. Os nossos encontros com ela sempre foram dolorosos para nós quatro, lembra-te disto também porque importa suportar a dimensão do Peso que nos afunda. Incluo Aquele que seria o Companheiro dela, Noau Sa Er Ty Be Ro. Tu bebes de vosso egoísmo, Asin. Zaah, que foi um dos Anjos Diurnos Da Eterna Virtude Existencial Da Inexorável Senda De Todas As Virtudes, um dos Anjos Da Virtude, bebe das próprias lágrimas e trapos dela. Vós sois bem diferentes, diferentes como todas as Quedas. Nem Todos Os Anjos Caídos Caem Através Dos Mesmos Caminhos Quedantes E Nem Todos Os Caminhos Quedantes São Os Caminhos Eternos De Uma Queda. Zaah Cai Em Si Mesma, O Anjo Bêbado se faz de uma Queda que nada possui com a Queda que a Precipitou à Matéria. Ela não pode auxiliar aos sofredores humanos assim, mas tu, Asin, tu te recusastes a estender as mãos e a abrir as asas para muitos desesperados e perdidos humanos. Mesmo Caído, um Anjo pode optar em ser útil, nocivo ou neutro em relação à Humanidade. Tu optastes por nenhum destes três Caminhos e ficastes no teu egoísmo de autosofrimento por uma mulher e por filhos que estão hoje materialmente mais fragmentados do que a areia desta praia. Eu nada pude fazer porque sou a ti Ligada e me movo apenas motivada pelo teu mover… Tu me fizestes ver muitas trágicas histórias em desgraçados destinos humanos, Asin, sem eu nada poder fazer para aliviar tantas dores… Tu, Maldito Cego, me fizestes chorar por bilhões de Almas que são mais sofredoras hoje do que todos os Anjos Caídos!
— Eu Ouço cada choro delas e deles, Pad… Nós dois ouvimos… Me mantive em minhas lágrimas exteriores e interiores sem sequer bater as minhas asas na direção de cada uma delas e de cada um deles…
— Tu fazes ideia do quanto de tristeza e sofrimento eu carrego por tua causa, Asin? Quisera ser como Zaah a beber e a esquecer ou tentar esquecer! No entanto, minha bebida é o imundo oceano das tuas cegas lágrimas, Maldito!
— Não tenho o mínimo ou o máximo direito de lhe pedir Perdão, Pad…
— Nem tente elevar os teus malditos cegos lábios na direção da palavra Perdão, que dita por ti é uma Profanação do Alto Significado da mesma!
— Eu pensava que modificar a trajetória humana seria destruir os Desígnios de Nosso Pai Em Sopro para cada humano quedante mais do que nós que nos encontramos pelas estradas terrestres...
— Auxiliar crianças famintas não lhe faria destruir nenhum Desígnio, Asin… Aliviar a solidão de idosos abandonados também não… Acalentar as dores de injustiçados não faria o mesmo… Nenhum tipo de sofrimento ao ser aliviado corromperia um Desígnio de Nosso Pai Em Sopro…
— Os sofrimentos são necessários, Pad, para todos os que foram Modelados pelo Nosso Pai… Incluindo a nossa Categoria Existencial hoje...
— Mas, os auxílios são aliviadores maiores de todos os sofrimentos. Tu igualmente te esquecestes com o passar das Eras que fomos Modelados com A Liberdade Essencial de fazermos das nossas asas o máximo de Consoladoras para quem roga por nós em todos os mundos nos Convocando através dos Nomes Diversos?
— Auxílios... Nem todos os Anjos, Elevados ou Caídos, podem auxiliar aos humanos de todas as Esferas, Cada Um Deve Caminhar Em Suas Próprias Determinadas Sendas Sem A Condução De Forças Maiores Externas A Tais Sendas. A Liberdade nos expande e limita, estando no Alto ou no Baixo, tu pareces ter te esquecido disto, Pad.
— O Papel Eterno Dos Anjos Elevados É Estender Todas As Mãos A Todos Os Seres Materiais. Mesmo que as Mãos Dos Anjos recebam cuspes e vômitos de desprezo por parte daqueles aos quais amparam, os Anjos Elevados ainda assim continuam a auxiliar aos que praticam tais atos de desprezo. Anjos Caídos há que auxiliam aos humanos, já vimos isto ocorrer com os nossos atuais olhos amaldiçoados por tua causa, seja por interesse total ou por desinteresse puro. Vós me acusastes agora de ter-me esquecido de um dos Princípios da Liberdade Angélica, assim como antes me acusara de ter feito o mesmo em relação ao que é O Amor Verdadeiro, Aquele Amor da Dourada Senda Angélica na qual eu Caminhava, O Amor de todas as Maravilhas que como Anjo Dourado eu realizava. Me esqueci, Asin, do que é Ser Elevada, mas as Leis Do Alto, As Leis Inexoráveis Da Vontade De Nosso Pai Em Sopro, estão em mim ainda e estão em ti ainda. Vosso egoísmo imenso lhe cega até para isto, que é a única coisa que ainda do Alto possuímos: O Conhecimento Das Leis Do Alto A Se Automanifestarem Em Todas As Manifestações Do Baixo Na Lama E No Pântano Dos Fenômenos Humanos E Não-Humanos. Como podes amar a tua Lydyan se tu te negastes a auxiliar humanos quedantes nos caminhos quedantes deles próprios? Como podes amar a tua prole gerada com a tua Lydyan se as tuas asas mantiveram-se distante dos horrores de toda a Humanidade? Não digo auxílio total e nem auxílio parcial, digo O Auxílio, O Inominável Amparo Que Excede E Antecede Qualquer Noção Aproximável De Uma Noção Acerca Da Sagrada Senda Da Puríssima Caridade Automanifestada. Perdemos nossas Celestes Bebidas, Asin, mas poderíamos ter bebido, juntos, de inomináveis bebidas que ocultam-se nos pequenos atos do Auxílio e da Caridade que passa bem longe do que os humanos compreendem como tal.
— Tu falas de Leis, Inomináveis Leis, que há cinquenta mil anos eu rejeitei e há cinquenta mil anos nem me vem ao imortal pensamento citar...
— Leis da vossa antiga Categoria Angélica, a dos Inomináveis, seu Cego! Tu te autodenominas um Anjo Noturno Inominável, mas nem na Noite tu possuis um Não-Nome e nem O Inominável Ser que tu eras se manifesta na Matéria! Tu és um bêbado em vosso amor egoísta, Asin! Tu és um bêbado que me obriga a beber de vosso egoísmo nestes trapos que encobrem este meu corpo material que antes de tua Queda jamais manchou-se com as Cinzas e as Lamas Materiais! Tu bebes, Asin, demais das vossas próprias Malditas Verdades Em Queda! Bêbado Eterno, Maldito Sejas, tu não vês que o vosso inominável delírio concentra-te em Bêbadas Quedas Por Inomináveis Bares De Verdadeiros Inomináveis Vazios?
Bebo da água das minhas cinzas.
Bebo das águas das minhas lamas.
Bebo da água dos meus trapos.
Licor envenenado pelas minhas cinzas.
Licor envenenado pelas minhas lamas.
Licor envenenado pelos meus trapos.
Pad está a oferecer-me indesejáveis bebidas…
Pad está embriagando-me com a terrível imagem de mim mesmo…
Pad está segurando a garrafa de uma infinita amarga bebida queimando toda a minha Existência…
Lydyan, Lydyan, Lydyan, como eternamente errei!
Lydyan, como eternamente errei em ser um egoísta imortal!
Lydyan, tu és o centro da minha Inominável Criação, mas...
Mas…
Eu preciso dizer isto…
Mas…
Eu preciso afirmar isto…
Mas…
Eu preciso admitir isto dizendo para mim mesmo o que sempre fugia de admitir…
Tenho que dizer isto, o que Pad, me olhando com fúria, revolta, horror e tristeza, já sabe sem que eu diga em palavras…
Dizer isto para mim mesmo sem me iludir imaginando que não sou tudo que Pad vê que eu sou…
Dizer isto sem me desesperar, correr e me jogar neste mar para tentar me afogar eternamente…
Vi sofredores cadavericamente a cair em meu redor e me neguei a ser-lhes um Consolador Maior…
Vi todos os sofredores cadáveres pela História Terrestre que observei sem me envolver, sem me mover a fim de, pelo menos, consolar um coração ferido…
Vi todo o cemitério dos sofrimentos desta Humanidade e não pude beber o mínimo que fosse de um deles sequer para poder tornar um pouco leve uma cruz, um fardo e uma rocha nas costas de quem sofria…
Vejo o sofrimento cadavérico do Hoje e do Amanhã, mas a minha vontade continua sendo a de não interferir em nada, não quero Consolar, nem Aliviar, nem Auxiliar…
Eu mereço esta bebida que Pad dá-me de beber…
Eu mereço tudo que os olhos dela direcionam ao meu Maldito Ser…
Meu Ego modela as minhas Verdadeiras Asas...
Acompanhem o Bater destas Asas aqui: