Falando De Amor Para Fugirmos Um Pouco Desta Era De Louco Ódio
Inomináveis Crônicas Contemporâneas #3
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Inomináveis Saudações a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
Nestes tempos de ódio no mundo virtual e fora deste, principalmente aqui no Brasil, venho publicar mais uma crônica aqui no blog falando de um sentimento que, cada vez mais, está desaparecendo. O objetivo hoje seria tocar no assunto da semana, elaborar um mirabolante texto sobre a loucura que se expande cada vez mais neste país dividido por convicções políticas cada vez mais irracionais. Pensei bem, lendo muitos comentários nos últimos dias sobre desejos de morte de um lado para o outro e sobre bizarros acontecimentos muito noticiados em redor do mesmo tema. Sim, esta crônica seria política, mas se volta para um assunto que muitos esquecem por causa de diversos outros fatores além da Política. E chega de falar disto, chega de fomentar uma visão, duas visões ou mais visões sobre as forças ódicas impelindo as pessoas à guerra umas contra as outras. É necessário parar um pouco. É necessário povoar a mente com outros ares. É necessário caminhar por outros ambientes. Que tal o campo do Amor para darmos passos mais seguros e suaves?
Todo mundo se lembra do primeiro amor, tanto homem quanto mulher, de diversas maneiras. Para muitos, é algo maravilhoso, uma carinhosa lembrança de uma época inocente. Para tantos outros, tal lembrança comporta tristezas várias, carregadas de mágoas e profundas amarguras. Em todos os casos, é bom refletirmos sobre este momento que, seja como for, será nitidamente mágico. Em épocas inocentes, fomos mais livres, mais tranquilos, mais pacificados em nossos alicerces existenciais. É claro que o mundo em nosso redor era tão cruel, violento e grotesco como o de hoje, mas quando jovens, todos nós temos várias outras preocupações. Com raras exceções, a juventude, a minha, a sua e a de outros foi pontuada pelos pensamentos de como seria o primeiro beijo e a primeira transa. Muitos realizaram o sonho do primeiro beijo e da primeira transa com seus primeiros amores. Outros, com a sorte dos platônicos que é amplamente conhecida, idealizaram, sonharam e não objetivaram a realização de seus devaneios mais altos em relação à pessoa amada. Estou entre as pessoas do segundo grupo.
O amor aos animais também se torna relevante, posto que eles são como partes de nossa alma. Falo agora com os mais profundos e sinceros amantes dos animais, tipos como eu que admiram cada um deles. Sejam estes cães, gatos, galinhas, pássaros, cágados, tartarugas, jabutis, papagaios, hamsters… Enfim, todas as espécies animais que podem conviver em harmonia com o Ser Humano, nos tornam mais inseridos no caráter dinâmico dos mistérios naturais. Tive na infância diversos animais, brincava com pintinhos, galos e galinhas, criando-os no colo; cães sempre foram também presentes e trago na testa, no supercílio direito, a marca da pata de um feroz pastor belga… Fora estes, gatos me conquistaram completamente com o passar do tempo, assim como serpentes, aranhas, escorpiões… Para falar a verdade, amo todos os animais, sem exceções. Pensando bem… Baratas e ratos não são muito a minha praia…
O amor aos pais, aos irmãos, à família, à esposa, ao marido, aos filhos, aos amigos e ao próximo: você sabe o que é isto? Eu sei, pois amo a minha saudosa mãe, que me criou sozinha, e cuidei dela até o fim com a ajuda de poucas pessoas. Não tive irmãos, grande parte da família se afastou quando da doença de minha mãe. Não tenho esposa, sou um convicto solteirão de quarenta e sete anos. Não tenho filhos, a hora de ter um nunca chegou até mim como uma necessidade ativa. Não sou nada bom em manter amigos ou amigas, nunca poderei dizer que me atento a isto (o número de bloqueados e excluídos antigamente no meu falecido Facebook que o diga…). Amar o próximo é muito difícil, talvez um dia eu consiga… Você consegue amar seus pais, sua família, sua esposa, seu marido, seus filhos, seus amigos, seu próximo? É complicado buscar respostas se as dúvidas gritam bem alto na mente e no coração sobre o fato de verdadeiramente ou não saber amar. A resposta não pode ser dada em um blog, eu sei. A resposta jamais pode ser encontrada, eu também sei. A resposta nem quer ser encontrada por nenhum de vocês, eu igualmente sei.
Amar a si mesmo é o mais difícil porque mágoas seguidas, neuroses agressivas e aflições repetidas explodindo em nós interiormente, impedem isto em muitos. O autoconhecimento auxilia muito no amar a si mesmo, mas poucos, de verdade, querem se conhecer. A autorrealização, movida pelo definitivo ato de conhecer a si mesmo, está ao alcance de uma quase extinta minoria humana. O que sobra para nós, atados ao desconhecimento e irrealização de nós mesmos? Como conseguimos uma verdadeira harmonia sem que nossas fraquezas nos atrapalhem? Como podemos amar a nós mesmos se nem conhecemos nossa totalidade e realizamos nossa personalidade no mundo em que vivemos? Esta embarcação desce para o mais baixo de nós mesmos e o curso segue continuamente cada vez mais profundo. Necessitamos alcançar o abismo de nossos interiores para descobrirmos a verdadeira essência de nossa própria alma. Assim, nos conheceremos. Assim, nos realizaremos. Assim, poderemos aprender a nos amar com uma liberdade em si mesma magnífica.
Esta crônica seria sobre ódio, volto a dizer, se transformando em uma reflexão sobre as possibilidades e impossibilidades da conjugação do Verbo Amar em nós. A falta de amor ao mundo onde vivemos é o mais grave sintoma do quanto estamos perdidos. Eu mesmo não gosto deste mundo. Você aí, talvez, possa também não gostar deste mundo. Aqui está o principal motivo da nossa falta de amor, contemporaneamente falando. Se não compreendemos o mundo onde vivemos e o que leva-o hoje a estar em progressiva deterioração e decadência, também não podemos dizer que sabemos amar. Saber verdadeiramente amar é um grande objetivo. Saber sair das reflexões e das palavras, por mais bonitas que sejam, sobre o que é amar, é um objetivo maior ainda. Alcançar O Verdadeiro Amor é O Objetivo, o único válido para nosso existencial caminho.
Saudações Inomináveis a todas e todos vós, Seres Do Mundo!