A Terra jaz fria em suas cinzas. A Terra respira sufocada por suas próprias cinzas. A Terra se envolve no próprio atrito destrutivo de si mesma. Eu olho para a Cinzenta Cidade Humana e vejo homens indignos mortos sendo ovacionados como heróis. Eu sacudo as cinzas dos meus pés e olho para painéis com nomes de homens e mulheres ovacionados como Deuses, mas que, na verdade, não passam de cinzentos andarilhos tanto quanto aqueles que os veneram. Tento ver alguma esperança fora das cinzas, algum rastro de salvadoras potências que retome o controle de nossa Humanidade. E nada, entre os cinzentos males, eu encontro. E nada, entre os cinzentos desastres, continuo encontrando. E nada, entre os cinzentos dias, vou encontrando.
A Terra jaz morta enquanto jogos de Futebol são comemorados. A Terra faz seu próprio funeral acima das festas dos humanos. A Terra grita muito alto nas cinzas, sendo ouvida apenas por poucos que estão tão mortos quanto ela. As Festas desta época se adiantam como outras ilusões tidas como sagradas. Ilusões que congelam a alma e evitam o tocar em assuntos mais importantes para a vida cotidiana. Estamos na era do gelo mental, um fator refletido dentro do social, do individual, do comum viver fundamentalmente vibrante para a alienação quase total. Poucos consagram algum tempo para quebrar a geleira da inevitável queda no degelar da fuga dos mais graves problemas humanos e terrestres contemporâneos. Poucos saem do gelo e se voltam para a quebra do iceberg da insensatez e da irresponsabilidade diante da desgraça existencial da atual Civilização.
A Terra jaz extinta enquanto a maioria humana não se engajar na grande salvação de todas as Espécies, não apenas a nossa. O egoísmo atroz da Humanidade engloba a crescente calamidade diariamente a arrotando em todos os rostos as suas forças e propriedades. O desejo de muitos é o desligamento pleno da faculdade de pensar e analisar soluções para a quebra e a queda de cada uma das ilusórias torres construídas há milênios por nós mesmos. Por isso, como escrevi no parágrafo anterior, tanta festa, tanta alegria, tanta entrega ao efêmero, ao superficial, ao vazio, ao nada. As rupturas para com atitudes firmes que guiem a sérias iniciativas estão sendo deixadas no limbo das históricas lembranças daqueles que muito fizeram pelo evolutivo bem deste planeta. Mulheres e homens assim são raros ultimamente dentro de cada nação organizada em parâmetros políticos institucionais diversos. Pessoas assim são glórias do passado e quem hoje se afirma assim é taxado de louco, ultrapassado, piegas e outros adjetivos advindos de quem nada faz pelo mundo.
Vocês já pararam para pensar no quão frio estamos por dentro?
Vocês já procuraram calcular o acúmulo de cinzas pousadas em nossos atos e pensamentos?
Inverno e Cinzas cobrem nossa visão.
Inverno e Cinzas congelam nossos passos.
Inverno e Cinzas, humanos.
O Inverno dentro de nós, somos cada vez mais frios.
As Cinzas dentro de nós, sobre o gelo de nossas almas.
O Interno Inverno nunca vai embora.
As Eternas Cinzas tomam conta de nós.
As Eternas Cinzas tomam conta de toda a Terra.
Inominável Ser
CINZENTO
CRONISTA
INOMINÁVEL
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