“Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade. Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob risco de morrer no caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora, a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente que um vagabundo. E se ela não acreditasse e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental. ‘Então vou ter que inventar uma história para a professora’, querendo dizer: ‘Vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você’. ‘Está bem, fica em casa. Mas estudando!’ E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos aguentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.”
pag. 9
📆Ano de lançamento: 2015
🎨Capa: Crama Design Estratégico
🖼️Ilustração: Ricardo Leite
📚Editora: Companhia Das Letras (Selo Editorial Objetiva)
Rio de Janeiro
📕2ª Edição
📄Páginas: 168
✍🏾Sinopse
O best-seller "As mentiras que os homens contam" não julga, apenas constata. Os homens não mentem. E, se mentem, é porque precisam. Para poupar as mulheres ― e, também, para se proteger delas.
Quantas vezes você mente por dia? Calma, não precisa responder agora. Também não é sempre que você conta uma mentira, só de vez em quando. Na verdade, quando você mente, é porque precisa. Para proteger o outro ― e, de preferência, a outra. Foi assim com a mãe, a namorada, a mulher, a sogra. Tudo pelo bom convívio social, pela harmonia dentro de casa, para uma noite mais agradável com os amigos. Você só mente, no fundo, para poupar as pessoas e, sobretudo, para o bem das mulheres.
Luis Fernando Veríssimo, este observador bem-humorado do cotidiano brasileiro, reúne em As mentiras que os homens contam um repertório divertido de histórias assim ― tão indispensáveis que, de repente, viram até verdades. Depende de quem ouve. Depende de quem conta.
⚖️Créditos da Sinopse: Companhia Das Letras
Inomináveis Saudações a todas e todos vós, Seres Do Mundo!
Com uma inegável alta dose de humor, este livro impecável em segurança narrativa de Luis Fernando Veríssimo é imprescindível para todos que apreciam a boa escrita. Sabendo dosar muitíssimo bem as estruturas de cada Crônica aqui presente e se aproveitando dos pormenores de cotidianas abordagens das relações humanas, a leitura flui de um agradável modo fazendo o tempo até parar. Excelente para todas as horas e todos os momentos, a obra tem um gosto peculiar de aproximação e realidade bastante divertida. Entre pequenas, médias e grandes mentiras, a ênfase dos escritos é um leve estudo acerca da patifaria masculina em todos os sentidos.
Mentiras que não fazem mal a uma nação. Mentiras que não fazem mal ao mundo. Mentiras que não trazem pecados amarrados como condenações profundas. Mentiras que não tragam as energias das pessoas por elas envolvidas. As mentiras mais sutis, com um tanto de absurdas e surreais, quando não crescem e tecem qualquer face de uma questão de serem verdades, são salvadoras. E a parcela masculina da Espécie Humana é a mais ávida por mentir, a fim de escapar de situações vexatórias, engrandecer o ego, preencher algum vazio ou obter um sossego longe de grandes exaustivas responsabilidades. É próprio do homem mentir mesmo, aqui quem vos escreve é um homem que atesta e comprova esta verdade.
Cada mentira tem um certo charme quando não leva a maiores males. Veríssimo, ao lado do bom humor proposto a cada Crônica, põe nos Personagens que mentem uma dose de requinte para poder melhor mentir. Porque mentir bem é uma arte para poucos, principalmente mentiras contadas para esposas, namoradas ou ficantes. As sagradas mães são as mais compreensivas de todas as mulheres enganadas pelas mentirinhas do diário convívio. Outras mulheres, no entanto, levam até o fim uma afronta quando enganadas… O mentiroso, então, tem que ter aquela velha malandragem de saber manobrar bem as engrenagens da língua para poder saber mentir tanto a ponto de ser acreditado como alguém que nunca diz uma mentira.
No ofício de ser um homem, este aqui que está a vos falar deste livro cheio de verdades sobre a Raça Masculina já andou muito mentindo para a própria sobrevivência diante de algumas situações de grande pressão. Mentir, no entanto, é parte também do meu trabalho como Poeta e Escritor, dando um fino trato nas letras para melhor apoiar as abordagens de tanta coisa que dou ao mundo escrevendo. Me atendo ao conteúdo deste livro, as Crônicas, dentro do meu ofício de Autor, onde sou várias coisas e não apenas um homem, é muito educativo encontrar um Cronista de alto padrão como Veríssimo. A ideia-chave de As Mentiras Que Os Homens Contam funciona como uma aula de como escrever bem a ponto de manter o leitor interessadíssimo da primeira à última Crônica. Surpreendente como isto é alcançado nesta obra.
Uma obra que foi o tema da Primeira Fase do Vestibular da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) no ano de 2024; mais especificamente da Primeira Prova de Qualificação, a qual foi aplicada aos 09 de junho. A escolha do livro foi perfeita da parte dos Candidatos e ele estava em boa companhia porque os três outros escolhidos foram Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), O Conto da Aia (Margaret Atwood) e Caim (Carlos Saramago). Três livros que irei adquirir e Resenhar aqui no blog, quando puder.
Este aqui que hoje foi Resenhado é uma verdadeira gostosura e travessura de livro que dá vontade de reler diversas vezes, o que eu, com toda certeza farei. E nisto não estou mentindo, palavra de Inominável Ser!
Saudações Inomináveis a todas e todos vós, Seres Do Mundo!